A primeira etapa do Censo Escolar 2024, divulgada na última quarta-feira (9/4) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelou uma retração de 0,5% nas matrículas da educação básica em comparação ao ano anterior. No Distrito Federal, os dados apontam uma redução superior a 8 mil estudantes nas redes pública e privada, com destaque para o ensino médio, que apresentou queda de 6.951 matrículas — movimento oposto à tendência nacional de leve crescimento.
Segundo a professora Edileuza Fernandes, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), os números evidenciam lacunas cada vez maiores entre escolas e estudantes. “A evasão no ensino médio no Distrito Federal é algo que a gente precisa realmente estudar. Enquanto o Censo mostra que, no Brasil, houve um aumento de 1,5%, no Distrito Federal, houve uma queda. Em 2023, tivemos mais de 3,7 mil alunos que abandonaram a rede pública de ensino. Isso é muita coisa.”
Edileuza, que coordena o Observatório de Educação Básica da UnB e lidera o Grupo de Estudos e Pesquisa em Docência, Didática e Trabalho Pedagógico, aponta causas estruturais para o abandono escolar, como a necessidade de trabalhar, a gravidez precoce, a falta de apoio e a ausência de identificação com o modelo de ensino.
“Os estudantes, muitas vezes, não veem essa etapa como algo que atenda às expectativas deles. Esperam se preparar para o mercado de trabalho, mas também adquirir conhecimentos para continuar na educação, numa faculdade, fazer um curso superior", explica. Ela também destaca que o ensino médio vive uma crise de identidade: “Se você ouvir os estudantes, muitos deles não veem o ensino médio como uma etapa da formação que atenda às expectativas do que eles esperam numa escola.”
Fonte: Correio Braziliense
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